Imagem capa - Onde estão Elas na fotografia? por Jac Oliveira
Fotografia

Onde estão Elas na fotografia?

Acho que se faz necessário utilizar meu site como um espaço de discussão sobre a profissão também. Até porque, embora eu não seja famosona no meio, tenho lá minha reputação, sou bastante indicada por clientes e vários iniciantes me procuram pedindo dicas e até emprego! É por isso que quero comentar sobre o pouco prestígio que nós, mulheres, temos na fotografia. Especialmente em alguns segmentos. Pouco prestígio não porque não tenhamos competência ou talento, mas porque não somos ouvidas.


Somos milhares de mulheres na profissão. Gostamos de estudar, trabalhamos duro, nos preocupamos em sempre evoluir. Temos nossas diferenças com os homens? É claro. E tudo bem! Mulheres e homens são biologicamente diferentes e até no jeito de ser e não há problema nisso. Mas, isso não faz do homem ou da mulher um ser melhor. Temos as mesmas capacidades de exercer a profissão de forma impecável! 


Representatividade, cadê você?


Então eu me pergunto... porque há tão poucas mulheres em Congressos de Fotografia, em concursos, em matérias de portais especializados? Há tempos noto isso. Noto e me incomoda. Na fotografia de casamento então, o espaço na mídia especializada é quase todo para os homens. E vocês acham que não há fotógrafas tão talentosas quanto homens no mercado? É claro que há! Mas, os eventos e a mídia parecem ter preguiça de procurar novos nomes. Não só de mulheres, aliás. Como em toda profissão, as panelinhas existem. 


Não, isso não é dor de cotovelo. Pois, sinceramente, nem é de mim que estou falando. Trabalho muito para evoluir cada dia mais, mas sei que há colegas que estão mais à frente do que eu em seus trabalhos e elas é que deveriam estar ocupando esses espaços, ao lado dos colegas homens realmente talentosos. Não como coadjuvantes. A começar pela matéria que motivou esse texto. E que foi o estopim de uma indignação encubada há tempos aqui dentro. Com o título "Elas na Fotografia", o texto do blog do Wedding Brasil pecou em não trazer mulheres que comandam negócios de fotografia, e sim somente fotógrafas que trabalham com ou para seus maridos e/ou namorados. Sei de uma grande profissional que foi convidada, mas não teve como participar, mas será que todas as que foram consultadas não podiam??? Ou realmente tentaram entrevistar só uma.  Os outros ouvidos pelo blog são casais. Casais em que a empresa tem o nome do homem. Casais em que a empresa é tocada pelo homem. E na quase totalidade do texto, os homens falaram!





Eu, como jornalista e fotógrafa, fiquei muito triste de ver um erro tão primário na confecção de uma matéria. Ainda que seja para um blog. Não é porque é um blog que não merece seriedade. Fraqueza de conteúdo, de representatividade. É como se fosse um texto sobre racismo onde apenas pessoas brancas foram entrevistadas. Entende? Não vou nem entrar no mérito do feminismo, porque não precisa ser feminista (?) para observar o que acontece no mundo! É óbvio. Mas, todos os dias a realidade nos mostra que o óbvio precisa ser dito.  


PS: ninguém está dizendo que os homens não merecem ter seus trabalhos reconhecidos. Também não estou criticando casais que trabalham juntos. Não distorçam minhas palavras, ok?


Então, por favor, vamos garimpar melhor os profissionais bons que temos? Vamos dar mais voz a outros que não os de sempre? Vamos ouvir as fontes adequadas para as matérias? Vamos respeitar as fotógrafas como profissionais fodas que são, que também entendem pra caramba de técnica e de negócios? Vamos parar de achar que mulher só age pela emoção? VAMOS. Se for para ficar atrás, que seja da câmera. E só.


Foto PB: Fabian H.

Foto da capa: Annie Spratt on Unsplash