O poder da autoria na minha vida
Hoje esse post é um pouquiiiinho diferente dos demais, porque será um relato, uma confissão, um desabafo... :)
Essa semana participei do workshop O Poder da Autoria com o fotógrafo de casamentos Robison Kunz. Lá mesmo no workshop um colega me perguntou porque eu estava lá, se minha fotografia é focada em família. Bem... eu acredito que é preciso circular e ouvir diferentes segmentos dentro da fotografia e dali tirar ensinamentos e ideias para o que eu faço. É por isso que eu assisto documentários e leio sobre fotografia de aventura, de natureza, de moda, etc... E foi isso que aconteceu. Pra mim, o workshop não falou sobre casamentos, exclusivamente. Ao menos não foi dessa forma que tudo entrou em minha mente. E depois, eu também fotografo casamentos, que são também eventos de família, não? :-)
Depois de dois dias fora de casa, compartilhando espaço e vivências com outros fotógrafos de diversos lugares e níveis de conhecimento, ouvindo suas dúvidas, aflições, opiniões, e compartilhando as minhas próprias, enfim... reafirmo meu sentimento de que esses momentos são importantíssimos a qualquer profissional. Não importa há quantos anos a gente faz alguma coisa. Quem acha que sabe muito e não precisa disso, está bem enganado. Não é à toa que eu, formada em jornalismo há quase 9 anos, nunca parei de estudar, participar de cursos e tudo mais. E o mesmo se aplica agora, porém exclusivamente à fotografia. Desde que comecei a fotografar, não havia pensado em tornar essa atividade exclusiva pois eu tinha medo de que o prazer que eu sentia ao fotografar se esvaísse com o tempo. Sabe quando algo que você ama vira o seu ganha-pão principal e você corre o risco de ter que fazer coisas que não gosta só pelo dinheiro? Pois é, eu tinha medo disso. Mas, a vida dá voltas e as circunstâncias nos fazem mudar de opinião, ainda bem! Ano passado, quando fui demitida de uma empresa em que trabalhei e me dediquei muito por quase 4 anos, decidi que eu não queria mais aquela vida. Eu não queria mais trabalhar tanto sem ver retornos efetivos tanto em satisfação quanto práticos. Eu já tinha clientes que adoram meu trabalho em fotografia, que me indicam... eu já tinha conhecimento suficiente e maturidade para apostar nisso como minha profissão sem correr o risco de perder o tesão por fotografar. Então foi isso que fiz. Ainda amo a comunicação e utilizo tudo o que aprendi ao longo dos anos para divulgar a minha empresa, mas hoje estou muito mais feliz com a vida que eu escolhi.
Para mim, a fotografia não é só o meu trabalho. É com ela que eu deixo uma marca na vida das pessoas que confiam em mim para estar com elas em seus momentos mais importantes; é com ela que eu conto histórias a partir das minhas próprias histórias; é com ela que eu me emociono e renovo esperanças nas coisas boas da vida toda vez que vejo o amor entre pais e filhos, amigos, casais. Cada cliente traz pra gente uma história nova de vida e isso é renovador demais, gente. Pois, sim, fotografamos para nós mesmos também. Se não for assim, eu acho que perde o sentido. Todo dia que saio para fotografar eu saio em busca de me realizar, além, é claro de realizar os sonhos do meu cliente.
Lá no workshop do Robison, pela primeira vez eu vi um fotógrafo falando exatamente isso e de uma forma bem verdadeira. Falando que precisamos assumir o risco de fazer o que gostamos, que não tem nada de errado fotografar o que a gente gosta e como a gente gosta, mesmo que um bando de gente que se acha muito sabida fique dizendo que aquela não é a forma correta. Que a conexão entre as pessoas é tão importante quanto uma foto tecnicamente perfeita. É claro que a técnica é importante, mas o momento é mais. E eu fotografo buscando momentos. Momentos de espontaneidade, de naturalidade, de realidade. Mas, durante esses dois dias, percebi que eu ainda estava presa a medos e autocríticas que muitas vezes me impediram de arriscar mais, de chegar ainda mais perto, de esquecer a perfeição da luz ou do foco... e sabe, embora o Robison seja um fotógrafo foda, eu acho que aprendi mais sobre mim mesma e sobre minha relação com a fotografia do que qualquer outra coisa nesse workshop. Tudo graças ao que ouvi dele, dos pais dele, dos meus colegas... Como é importante saber ouvir, né? E quantas vezes a gente se esquece de ouvir os outros, de se ouvir?
O melhor caminho
Muitas vezes achei estar no caminho errado por não pensar e fazer o que a maioria faz. Me achei esquisita, muitas vezes, por não ter necessidade de postar fotos minhas em um grupo do Facebook para que outros fotógrafos opinem sobre elas... fiquei pensando se não deveria oferecer saias de tule e sutiãs bordados para as gestantes, mesmo não acreditando nesse tipo de fotografia... será? Ainda bem que esses pensamentos duraram segundos e se dissiparam. E tive coragem de continuar fazendo o que eu queria. No final das contas, mesmo com uma certa dúvida, sempre optei por fazer as coisas da forma como eu acredito serem certas. Quero oferecer aos outros um trabalho que eu também gosto, no qual eu acredito. Não sei fazer de outra forma. E, tenho certeza, há clientes pra mim, que querem essa minha fotografia. Assim como há os clientes que querem a saia de tule e tudo bem :-)
Espero que cada vez mais os fotógrafos se encontrem dentro do que fazem e o façam com verdade, dedicação e amor. Com propósito. Isso é meio clichê, mas é real, fazer o que? Fazer com propósito, para mim, diz respeito ao porque fazemos e não como fazemos. Dentro do mundo da fotografia vemos muita preocupação com equipamento, configurações, esquemas de luz e uma série de coisas que não servem pra nada se a criatura que estiver segurando a câmera não prestar atenção nas pessoas que estão em sua frente! Pois é, é um pouco mais complexo do que apertar o botãozinho aquele :-) E que bom que é assim!




Crédito da última foto: Sérgio Nogueira